sábado, 19 de março de 2011

Água fria.

Quando eu era criança eu fica tentando encontrar um significado na vida.
Depois de um tempo, mas ainda na infância, percebi que essa não era tarefa minha e sim dos meus pais.

Haaa ! Como eles lutaram pra tentar encontrar um significado para mim, mesmo sabendo que não existia.

Com as minhas própria conclusões algum tempo depois, eu disse a eles para deixarem de se preocupar comigo, eu aprenderia sozinha.

Foi um caminho longo e árduo esse negócio de aprender, viu. Tanto caminhei, nada encontrei.

Daí comecei a sentir umas cutucadas no peito sabe, e depois descobri que essa cutucadas eram denominadas sentimentos e eles agiam contra ou a favor de mim involuntariamente. Mas eu não podia me deixar dominar por isso, né ?


Nos meios em que vivi, aprendi a controlá-los, e mais, aprendi um novo sentimento, uma tal de FELICIDADE. Percebi que todos ao meu redor queriam sentir essa tal de felicidade, e eu tbm queria saber como era [risos]; Já que tenho que aprender, vamos até o fim então.


Muito tempo depois daquele dia, eu sei que essa tal de felicidade é muito limitada para os prazeres que eu quero sentir. Porque eu quero mais, muito mais, sempre mais. Felicidade é pouco. Felicidade me diminui a um sentimento só, e eu sou um turbilhão de sentimentos, é muita coisa para mim mesma sentir, é muita coisa para fazer os outros sentirem, é muita coisa para fazer você sentir...


Vou confessar que nem todo o meu caminho foi um mar de rosas, muitas pessoas pisaram nos meus calos, e como doíam, como me arrancaram segundos de gritos de dor... Mas isso é relevante em comparação a tudo e bom que eu sinto aqui dentro.


Hoje, eu vejo o que é de verdade. Essa verdade veio até mim como um raio que cai, de surpresa, no galho de uma árvore.

domingo, 13 de março de 2011

"Todos os dias o ciclo se repete, as vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim."

sábado, 5 de março de 2011

Um dia frio.

Mauá, 6 de março de 2010. O relógio despertou 5 horas da manhã. Não era costume acordar esse horário, mas para um sábado no único hospital particular da cidade, era necessário.
Ela levantou-se, abriu a janela como sempre fazia, ainda era noite e ela pensou:
- Hoje será um longo dia.
Tomou um banho, colocou o uniforme azul marinho que sempre a fazia lembrar do mar, azul, azul... O salto retrô parecia aguarda-lá, pois estava posto ao lado da cama. Ela calçou... E como amava aquele salto! Entre tantos... Só aquele.
Como não saia sem tomar um bom café, a menina apresou-se na maquiagem, pois uma hora para tanto luxo, era muito pouco tempo.

O relógio marcava 6hs quando a menina saiu de casa. Ela odiava ter que enfrentar o transporte público todas as manhã, mas o excesso de trabalho e o curso de inglês a impedia de acelerar o processo na auto escola.
Encarou o cobrador mau humorado, o motorista que não respondeu ao seu bom dia e todos os outros passageiros com cara de bravos. Sentou-se no último banco próximo a porta, e logo no ponto seguinte se arrependeu, o termômetro marcava 14º e o dia estava chuvoso. Mas permaneceu ali.
Saltou no terminal rodoviário da cidade e pegou o outro ônibus que a levaria direto ao hospital. Quando chegou o relógio de ponto ainda marcava 6:50hs, fez uso desses 10 minutos para retocar a maquilagem.
As 7hs passou o cartão na maquina e enquanto seguia o corredor até sua recepção, pensava novamente em como o dia seria longo.
Chegou ao seu posto de trabalho:
- Bom dia Naty
- Eae Babi.
Natasha sempre tinha essa mania... Nunca respondia as saudações como deveria ser, para ela um simples "eae" era de bom tamanho.
Barbara sentou-se no computador do meio e espantou-se com o tanto de fichas que aguardavam para ser feitas aquela hora da manhã. Pegou o primeiro R.G com o documento do convênio e chamou o primeiro paciente [sem saber que seria o último]
- Ruth Medeiros.
A mulher de cabelo ruivo veio em sua direção, então Barbara iniciou o cadastro.

Logo em seguida o telefone tocou, Natasha atendeu:
- Alô... Ela está atendendo uma paciente... Ok, aviso sim... Tchau.
Minutos depois Barbara liberou sua paciente e Natasha falou:
- Babi, seu pai pediu para você ligar urgente na sua casa.
Barbara preocupo-se de imediato, seu pai nunca ligava em seu local de serviço, pior ainda foi pedir para retornar urgente. As mãos da menina já estavam tremendo, pois ela sabia que a noticia não seria boa, só não conseguia imaginar o que poderia ter acontecido.
Ligou em casa, seu irmão atendeu e ela espantou-se ainda mais, Rony nunca acordava tão cedo 'num' sábado.
- Oi Babi
- Oi Rony, aconteceu alguma coisa, o pai pediu para eu ligar urgente.
- Peraí que vou chamar a mãe.
- Porque a mãe ?
Antes mesmo que ele pudesse responder, Barbara ouviu a voz risonha de sua mãe, mas que por tras, ela sabia, escondia uma tristeza.
- Oi Bah.
- Oi mãe, o que aconteceu? - A voz de Barbara soava com desespero e súplica. Bete continuou com a voz risonha e ao mesmo tempo triste, mas dessa vez estava mais serena.
- Tem muito serviço por aí filha ?
Barbara respondeu ainda mais desesperada.
- Tem mãe, mas o que aconteceu ?
- Filha, A VOVÓ MORREU.
O relógio marcava 7:30hs e o dia de Barbara acabou ali.

Hoje a vida da menina é assim... Só reticências.