segunda-feira, 23 de abril de 2012

Anatomia do amor.


O coração é responsável por bombear sangue para todas os outros órgãos com o objetivo de mantê-los funcionando corretamente para que seja possível nossa sobrevivência, mas às vezes, confesso, que gostaria que ele fizesse a função contrária, pois é difícil acreditar que falando daquela coisa tão traiçoeira, que nos faz cair em ilusões, que aperta e que dói, seja o mesmo órgão que nos faz acordar e dormir todos os dias. Ele não pode ser tão vital assim. É desumano.
Acredito que ao criar o nosso coração, Deus não pensou nas poucas e boas que passaríamos com ele, e por mais que seja avançada as opiniões dos nossos especialistas, até hoje ninguém nunca conseguiu me explicar para que serve o coração quando falamos da anatomia do amor. Para acumular tristezas? Para apertar quando estamos com ciúmes? Para se derreter todo quando a pessoa que amamos sorri para nós? Para apertar de saudade? Ou para doer de incertezas? Pode até ser egoísmo meu, mas eu não gosto do coração. Meu desejo é que ele um dia possa ser substituído por algo que não se apaixone e seja esperto o suficiente para não cair em armadilhas. Algo que não se derreta ao receber abraços, e que não pulse mais veloz ao receber um beijo, algo que saiba dizer não e que saiba discutir sem lágrimas como efeitos colaterais. Mas acima de tudo, desejo mesmo um cardiologista que possa enxergar lá dentro o vírus que vem de fora.
O coração às vezes é tão venenoso, que transforma algumas pessoas em seres insensíveis demais para se relacionar com os outros, e essa, talvez, seja a pior doença.


sábado, 14 de abril de 2012

Nina, femi-Nina é apenas uma me-Nina



Nina sentia vergonha do que havia se tornado. Não forá assim que planejou a vida que queria. Apesar da metade dos seus planos estarem se concretizando, ao se olhar no espelho Nina não se sentia feliz com suas ações. Cansada de iniciar relacionamentos para suprir com necessidade racionais, Nina percebeu agora que sua ferida, no entanto, era muito mais emocional. Seu coraçao agora sofria de uma hemorragia difícil de ser controlada e ela percebia que devido a isso, pessoas iam e vinham tão rapidamente, que nesse percurso de tempo curto, só conseguiam deixar lembranças que Nina se arrependia em ter construído.
Como uma forma de apaziguar seu próprio sofrimento, Nina dizia a si mesma que era melhor assim, que perder algumas pessoas era como perder amizades que não dariam em nada, mas o que ela estava tentando mascarar com isso ? Talvez um sentimento de fracasso por perceber que aquelas pessoas que ela tanto se apegava, não passavam de projeções frustradas.