domingo, 27 de maio de 2012

Soneto de Fidelidade




De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


[Inspiração: Tiago Galdino]

domingo, 13 de maio de 2012

Um dia de sol.



E quando você observa seus erros, observa os erros alheios percebe que é o mesmo que os seus e ainda assim não sabe como os resolver,  Por onde começar ?
Sentada numa varanda distante de casa, deixei o sol adentrar meus poros, fiquei a observá-lo, pois nessa estação sua aparição é restrita. Soltava bolhas de sabão, que insistiam em voltar para mim, deitei na rede e me perdi no labirinto dos meus pensamentos. Algum tempo depois o sol começou a me agredir, convidando a retirar-me. Sem discussões, obedeci. Acredito que, assim como eu, há horas em que o sol também quer ficar sozinho. Antes de dar a meia volta, observei os cavalos da fazenda que mastigam sem cessar durante todo o dia e fiquei a imaginar se a vida deles seria melhor do que a minha. Uma vida tão rotineira, tão igual. Mas um igual assim, com pausa, sabe ? Entenda meu “igual” como algo bom, que mesmo repetitivo, transforma todas as sensações em prazer e sempre deixa aquela vontade de querer tudo exatamente IGUAL no dia seguinte.
Às vezes paro para pensar (aliás, pensar é o que mais faço ultimamente) que fazemos tantos planos para o nosso futuro; cada dia que passa, procuramos mais espelhos com a intenção de segui-los, mas a tarefa de transforma planos em realidade torna-se difícil quando temos que enfrentar obstáculos, bloqueios... Chamo de bloqueios aquilo que encontramos dentro de nós mesmos e que nos impendem (ou tentam nos impedir) de ir além. Tantas vidas, tantas histórias, tantas vidas transformadas em histórias já vi abandonadas por aí sem nada poder fazer a não ser acreditar no poder das palavras. Das minhas palavras... Essas, que de vez em quando, fazem vocês me ler.
O que me agride verdadeiramente, afinal, não é saber do poder do sol, não é saber da rotina do cavalo e nem me importar com a procura de espelhos... O que me agride é saber que, mesmo compreendendo de que há obstáculos, há palavras e histórias que servem de exemplo, eu não consigo sair do lugar e essa, sem dúvidas, é a realidade me destrói e me limita a entulhos de uma explosão.