sábado, 5 de março de 2011

Um dia frio.

Mauá, 6 de março de 2010. O relógio despertou 5 horas da manhã. Não era costume acordar esse horário, mas para um sábado no único hospital particular da cidade, era necessário.
Ela levantou-se, abriu a janela como sempre fazia, ainda era noite e ela pensou:
- Hoje será um longo dia.
Tomou um banho, colocou o uniforme azul marinho que sempre a fazia lembrar do mar, azul, azul... O salto retrô parecia aguarda-lá, pois estava posto ao lado da cama. Ela calçou... E como amava aquele salto! Entre tantos... Só aquele.
Como não saia sem tomar um bom café, a menina apresou-se na maquiagem, pois uma hora para tanto luxo, era muito pouco tempo.

O relógio marcava 6hs quando a menina saiu de casa. Ela odiava ter que enfrentar o transporte público todas as manhã, mas o excesso de trabalho e o curso de inglês a impedia de acelerar o processo na auto escola.
Encarou o cobrador mau humorado, o motorista que não respondeu ao seu bom dia e todos os outros passageiros com cara de bravos. Sentou-se no último banco próximo a porta, e logo no ponto seguinte se arrependeu, o termômetro marcava 14º e o dia estava chuvoso. Mas permaneceu ali.
Saltou no terminal rodoviário da cidade e pegou o outro ônibus que a levaria direto ao hospital. Quando chegou o relógio de ponto ainda marcava 6:50hs, fez uso desses 10 minutos para retocar a maquilagem.
As 7hs passou o cartão na maquina e enquanto seguia o corredor até sua recepção, pensava novamente em como o dia seria longo.
Chegou ao seu posto de trabalho:
- Bom dia Naty
- Eae Babi.
Natasha sempre tinha essa mania... Nunca respondia as saudações como deveria ser, para ela um simples "eae" era de bom tamanho.
Barbara sentou-se no computador do meio e espantou-se com o tanto de fichas que aguardavam para ser feitas aquela hora da manhã. Pegou o primeiro R.G com o documento do convênio e chamou o primeiro paciente [sem saber que seria o último]
- Ruth Medeiros.
A mulher de cabelo ruivo veio em sua direção, então Barbara iniciou o cadastro.

Logo em seguida o telefone tocou, Natasha atendeu:
- Alô... Ela está atendendo uma paciente... Ok, aviso sim... Tchau.
Minutos depois Barbara liberou sua paciente e Natasha falou:
- Babi, seu pai pediu para você ligar urgente na sua casa.
Barbara preocupo-se de imediato, seu pai nunca ligava em seu local de serviço, pior ainda foi pedir para retornar urgente. As mãos da menina já estavam tremendo, pois ela sabia que a noticia não seria boa, só não conseguia imaginar o que poderia ter acontecido.
Ligou em casa, seu irmão atendeu e ela espantou-se ainda mais, Rony nunca acordava tão cedo 'num' sábado.
- Oi Babi
- Oi Rony, aconteceu alguma coisa, o pai pediu para eu ligar urgente.
- Peraí que vou chamar a mãe.
- Porque a mãe ?
Antes mesmo que ele pudesse responder, Barbara ouviu a voz risonha de sua mãe, mas que por tras, ela sabia, escondia uma tristeza.
- Oi Bah.
- Oi mãe, o que aconteceu? - A voz de Barbara soava com desespero e súplica. Bete continuou com a voz risonha e ao mesmo tempo triste, mas dessa vez estava mais serena.
- Tem muito serviço por aí filha ?
Barbara respondeu ainda mais desesperada.
- Tem mãe, mas o que aconteceu ?
- Filha, A VOVÓ MORREU.
O relógio marcava 7:30hs e o dia de Barbara acabou ali.

Hoje a vida da menina é assim... Só reticências.

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