segunda-feira, 23 de abril de 2012

Anatomia do amor.


O coração é responsável por bombear sangue para todas os outros órgãos com o objetivo de mantê-los funcionando corretamente para que seja possível nossa sobrevivência, mas às vezes, confesso, que gostaria que ele fizesse a função contrária, pois é difícil acreditar que falando daquela coisa tão traiçoeira, que nos faz cair em ilusões, que aperta e que dói, seja o mesmo órgão que nos faz acordar e dormir todos os dias. Ele não pode ser tão vital assim. É desumano.
Acredito que ao criar o nosso coração, Deus não pensou nas poucas e boas que passaríamos com ele, e por mais que seja avançada as opiniões dos nossos especialistas, até hoje ninguém nunca conseguiu me explicar para que serve o coração quando falamos da anatomia do amor. Para acumular tristezas? Para apertar quando estamos com ciúmes? Para se derreter todo quando a pessoa que amamos sorri para nós? Para apertar de saudade? Ou para doer de incertezas? Pode até ser egoísmo meu, mas eu não gosto do coração. Meu desejo é que ele um dia possa ser substituído por algo que não se apaixone e seja esperto o suficiente para não cair em armadilhas. Algo que não se derreta ao receber abraços, e que não pulse mais veloz ao receber um beijo, algo que saiba dizer não e que saiba discutir sem lágrimas como efeitos colaterais. Mas acima de tudo, desejo mesmo um cardiologista que possa enxergar lá dentro o vírus que vem de fora.
O coração às vezes é tão venenoso, que transforma algumas pessoas em seres insensíveis demais para se relacionar com os outros, e essa, talvez, seja a pior doença.


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