E quando você observa seus erros, observa os erros alheios
percebe que é o mesmo que os seus e ainda assim não sabe como os resolver, Por onde começar ?
Sentada numa varanda distante de casa, deixei o sol adentrar
meus poros, fiquei a observá-lo, pois nessa estação sua aparição é restrita.
Soltava bolhas de sabão, que insistiam em voltar para mim, deitei na rede e me
perdi no labirinto dos meus pensamentos. Algum tempo depois o sol começou a me
agredir, convidando a retirar-me. Sem discussões, obedeci. Acredito que, assim
como eu, há horas em que o sol também quer ficar sozinho. Antes de dar a meia
volta, observei os cavalos da fazenda que mastigam sem cessar durante todo o dia
e fiquei a imaginar se a vida deles seria melhor do que a minha. Uma vida tão
rotineira, tão igual. Mas um igual assim, com pausa, sabe ? Entenda
meu “igual” como algo bom, que mesmo repetitivo, transforma todas as sensações
em prazer e sempre deixa aquela vontade de querer tudo exatamente IGUAL no dia
seguinte.
Às vezes paro para pensar (aliás, pensar é o que mais faço
ultimamente) que fazemos tantos planos para o nosso futuro; cada dia que passa,
procuramos mais espelhos com a intenção de segui-los, mas a tarefa de
transforma planos em realidade torna-se difícil quando temos que enfrentar
obstáculos, bloqueios... Chamo de bloqueios aquilo que encontramos
dentro de nós mesmos e que nos impendem (ou tentam nos impedir) de ir além.
Tantas vidas, tantas histórias, tantas vidas transformadas em histórias já vi
abandonadas por aí sem nada poder fazer a não ser acreditar no poder das
palavras. Das minhas palavras... Essas, que de vez em quando, fazem vocês me
ler.
O que me agride verdadeiramente, afinal, não é saber do
poder do sol, não é saber da rotina do cavalo e nem me importar com a procura
de espelhos... O que me agride é saber que, mesmo compreendendo de que há
obstáculos, há palavras e histórias que servem de exemplo, eu não
consigo sair do lugar e essa, sem dúvidas, é a realidade me destrói e me limita
a entulhos de uma explosão.
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