sábado, 23 de abril de 2011

Yesterday

Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância queria
Que os anos não trazem mais !
Que amr, que sonho, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar - é largo sereno
O céu - um manto azulado,
O mundo - un sonho dourado,
A vida - um hino de amor !
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar !
O céu bordado de estrelas,
A terra de aromas cheia,
As onde beijando a areia
E a lua beijando o mar !
Dias da minha infância !
Meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã !
Em vez das mágoa de agora,
Eu tinha nessa delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã !
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberto ao peito,
-Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis !
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar !
Que saudade que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
-Que amr, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais
(Meus oito anos - Casimiro de Abreu)

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